Entre os anos de 1845 e 1847 iniciaram-se os fundamentos para a construção de um Hospital de Caridade em Fortaleza, iniciativa de gradas personalidades da nossa capital, preocupadas com a situação de penúria da população pobre que, inclusive, sofrera grandemente com a estiagem do ano de 1845. Sobras de donativos arrecadados para minorar a dor de famintos e retirantes vindos do interior formaram no primeiro momento um fundo para a construção do nosocômio. Porém, somente dez anos depois, em 1854, um conselho de cidadãos liderados pelo então presidente da Província, Dr. Pires da Mota, deliberou sobre os caminhos para a consecução de tão importante obra de saúde pública, que ficaria sob a responsabilidade administrativa de uma Irmandade a ser criada para tal fim.

Com efeito, a Irmandade da Santa Casa de Misericórdia foi criada pela Lei 928, de 4 de agosto de 1860 e, enfim, em 14 de março de 1861, na administração de Antônio Marcelino Nunes Gonçalves, inaugura-se o hospital dos pobres, o primeiro da cidade, a Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza, para funcionar nos moldes de instituições similares que já prestavam atendimento de saúde aos necessitados em cidades do Nordeste, fruto do sonho e do ideal do Padre Ibiapina, um santo do Nordeste que, infelizmente, em razão da burocracia vaticana ainda não alcançou a glória dos altares.

Durante muitos anos a provedoria-mor do hospital era ocupada pelos presidentes da província e, posteriormente, do Estado. No presente, a direção colegiada é exercida por um grupo pessoas da mais alta respeitabilidade, pessoas dotadas do espírito de serviço e de benemerência, sob a direção de um provedor-mor, cargo ocupado atualmente pelo Dr. Luiz Marques, em cuja biografia assomam qualidades e virtudes que o tornam alvo da gratidão de todos os cearenses. Para exercer seu trabalho hercúleo, o Dr. Luiz Marques conta com o apoio de uma Mesa Administrativa e uma Provedoria em que constam os nomes de dois vices-provedores: João Paulo Simões Accioly de Carvalho e Leorne Menescal Belém de Holanda; dois secretários: Victor César da Frota Pinto e Marcos Silva Montenegro; e dois tesoureiros: Roberto de Azevedo Moreira e João Crisóstomo de Souza.

Há 161 anos, portanto, a Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza presta relevantes serviços de saúde à população, além de assistência mortuária, posto que o colegiado de provedores administra também o Cemitério São João Batista. Sobrevivendo mercê de convênios e donativos, a Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza, só neste ano de pandemia, ultrapassou os 300 mil atendimentos, sobretudo a pessoas carentes e sem quaisquer planos de saúde a não ser o acolhimento de mãos caritativas como as que dirigem a Santa Casa.

Para a Santa Casa dos dias que correm continua a valer a observação do Barão de Sudart, escrita há mais de 100 anos. O inolvidável médico e historiador lembra que a instituição tem prestado inestimáveis serviços à causa dos miseráveis, enxugado tantas lágrimas e a tantos milhares de infelizes aproveitado. Por tudo o que tem feito em favor da saúde do nosso povo, a Santa Casa de Misericórdia merece um apoio mais decidido e concreto por parte das autoridades e de todos os cearenses.

BARROS ALVES
JORNALISTA, POETA E ASSESSOR PARLAMENTAR

Fonte: https://www.smp.news/

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